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Naturalizada alemã é Nobel de Literatura

Herta Müller ganha Nobel de Literatura

Autora é nascida na Romênia e radicada na Alemanha desde 87.
Escolha foi anunciada nesta quinta-feira (8) em Estocolmo.

A escritora romena radicada na Alemanha Herta Müller, 56, foi a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura de 2009. Müller é autora de "O compromisso", lançado no Brasil em 2004 pela editora Globo. (Clique aqui para ler um trecho do livro)

O resultado foi anunciado nesta quinta-feira  (8) pelo secretário permanente da Academia Sueca, Peter Enlgund, em Estocolmo, na Suécia. O prêmio é de US$ 1,4 milhão.

A escolha foi justificada pela forma como Müller "com a concentração de sua poesia e a franqueza de sua prosa, retrata a paisagem dos despossuídos".

ANÁLISE: Prêmio reforça tendência do critério político da Academia Sueca

De acordo com a Academia Sueca, a autora ficou sem palavras ao ser informada de que recebera o prêmio. "Ela ficou muito, muito feliz. Disse que ficou sem fôlego, que a sensação era irreal e que ela estava sem palavras", disse Englund à Reuters, acrescentando: "Mas ela prometeu que, quando nos encontrarmos novamente, em dezembro (para a cerimônia de entrega dos prêmios), já terá reencontrado as palavras". 

Voz das minorias

A obra da autora reflete em grande parte o destino das minorias na Alemanha e nos países da Europa Central que, após o fim da Segunda Guerra Mundial, em muitas ocasiões tiveram que pagar duplamente pelas culpas do nacional socialismo em seus países.

Müller, que vive em Berlim desde 1987, nasceu em Nytzkydorf, na Romênia, em 1953 em uma família de minoria alemã - da qual faziam parte outros escritores como Oskar Pastior - e desde muito cedo tentou fazer a ponte entre as duas culturas a quer pertencia. Ela estudou filologia germânica e romena para se aprofundar no conhecimento das duas literaturas das quais se sentia parte.

"Niederungen", seu primeiro livro de contos, foi publicado em 1982, depois de ficar quatro anos na editora e de sofrer cortes impostos pela censura na Romênia do ditador Nicolae Ceaucescu. Antes de se lançar como escritora, Müller chegou a ser demitida de seu cargo de tradutora em uma fábrica de máquinas por negar-se a colaborar com o serviço secreto comunista.

"[A obra de Müller] É uma combinação de uma linguagem especial, por um lado, e o fato de que ela tem uma história para contar sobre como é crescer em uma ditadura, em uma minoria, em outro país. E de como crescer como estrangeira em sua própria família", declarou o secretário da Academia Sueca após o anúncio do Nobel. "É uma escritora fenomenal", concluiu. 

A escritora Herta Mueller em foto de 2001, em Paris (Foto: Pierre Franck Colombier/AFP)

Proibida na Romênia, sucesso na Alemanha

Dois anos depois da proibição da versão original de "Niederungen" na Romênia, cópias do livro apareceram na Alemanha. Isso levou à proibição, por parte da ditadura romena, de que Müller continuasse publicando. Na Alemanha, entretanto, a obra foi elogiada e premiada como melhor estreia em língua alemã no ano.

A história principal de "Niederungen" narra, sob os olhos de uma criança, a vida de um povo alemão perdido na Romênia e desfavorecido tanto financeira quanto moralmente. "Não suportamos os outros nem nos suportamos a nós mesmos, e os outros nos suportam menos ainda", afirma a menina narradora em determinado momento do livro. Em boa parte, trata-se de uma história de repressão permanente e de falta de comunicação que começa na vida em família e se estende até as relações dos indivíduos com o estado.

Em seu romance mais recente, "Atemschaukel", Müller conta a história de um jovem de 17 anos que, após a Segunda Guerra Mundial, é levado pelos russos a um campo de trabalhos para ajudar na reconstrução da União Soviética - destino que foi compartilhado por muitos membros da minoria alemã na Europa Central. Os russos acreditavam que, com isso, os alemães estariam pagando suas dívidas por terem sido "cúmplices de Hitler", sem se dar conta que alguns deles também haviam sido vítimas do nazismo.

A obra é uma tentativa de Herta Müller de revelar o que se escondia por trás do silência de sua mãe e de outros romeno-alemães de sua geração que não se atreviam a falar nunca do tempo que haviam passado nos campos de trabalhos soviéticos.

Esta é a primeira vez desde 2003 que o prêmio vai para uma autora em língua alemã, após o recebido pela austríaca Elfriede Jelinek, naquele ano. O último alemão que ganhou o prêmio foi Günter Grass, em 1999. 

O Nobel da Literatura é entregue anualmente desde 1901. Entre os escritores que já venceram o prêmio estão Thomas Mann, Herman Hesse, Ernest Hemingway, Samuel Beckett, Gabriel García Márquez, José Saramago e J.M. Le Clézio, ganhador do prêmio em 2008.

Semana do Nobel 

Os vencedores do Nobel de Química de 2009 foram revelados nesta quarta. Venkatraman Ramakrishnan, Thomas A. Steitz e Ada E. Yonath ganharam  o prêmio por pesquisas sobre a estrutura e função do ribossomo.

Na terça, o chinês Charles Kuen Kao, que pesquisa a transmissão da luz através de fibras para fins de comunicação óptica, e o canadense Willard Sterling Boyle,  e o americano George Elwood Smith, inventores de um circuito semicondutor para imagens, dividiram o Nobel da Física.

Já o Nobel da Medicina, definido na última segunda, foi para Elizabeth H. Blackburn, Carol W. Greider e Jack W. Szostak, por sua descoberta dos mecanismos de proteção dos cromossomos por meio dos telômeros.

O Nobel da Paz será entregue nesta sexta-feira, em Oslo, na Noruega.


Foto: Pierre Franck Colombier/AFP

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Fonte: Globo Esporte
Por: Antonio Delvair Zaneti
Data: 08/10/2009 14h27min

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