:Jogo Baleia Azul que incentiva o suicídio viraliza nas redes sociais entre os jovens

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Jogo Baleia Azul que incentiva o suicídio viraliza nas redes sociais entre os jovens

Cinquenta missões são estipuladas ao jogador que no final é orientado a tirar a própria vida; o incentivo ao suicídio é crime e pode ter pena de dois a seis anos

Um jogo macabro que incentiva a automutilação e até mesmo o suicídio viralizou entre as redes sociais dos jovens brasileiros. Originário da Rússia, chegou ao Brasil recentemente e é chamado de Baleia Azul. O jogo desafia o adolescente a 50 missões, uma a cada dia, entre elas cortes pelo corpo, ver filmes de terror, ouvir música melancólica e, como última missão, cometer suicídio. Há investigações de jovens que tentaram o suicídio e outros que se mataram depois de fazer parte do jogo, considerado um massacre digital.

O delegado Frederico de Melo Silva, da Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente e Idoso de Lages, investiga um caso de tentativa de suicídio de um jovem relacionado ao jogo. “Recentemente tivemos um caso no qual um jovem tentou suicídio, orientado por este jogo Baleia Azul. Estamos investigando, por isso não posso dar muitos dados. Já tinha conhecimento da influência do jogo, porém ainda não tínhamos nenhum caso na região”, diz.

O delegado ressaltou ainda que o incentivo ao suicídio é crime e pode ter pena de dois a seis anos. “Os pais precisam observar seus filhos. Ver se há alguma situação de vulnerabilidade e procurar um profissional para ajudar”, orienta o delegado, que não quis revelar a idade do jovem.

Sites de outros países, onde o jogo deixa rastros de destruição, apontam que o nome do jogo se refere às baleias que são popularmente conhecidas por comportamento suicida ao forçarem a ida até a orla e encalharem na praia. Uma das teorias que tentam esclarecer esse hábito das baleias é a “hipótese do integrante doente”, quando uma baleia doente procura águas rasas e tranquilas em busca de segurança. Por serem animais sociais, outras baleias seguem esse individuo e acabam encalhadas também.

Responsabilidade criminal e onde procurar ajuda

O advogado José Vitor Lopes e Silva relata que no que diz respeito à conduta do instrutor do jogo, em razão do incentivo ao participante a cometer o suicídio, está sujeito à punição prevista no artigo 122 do Código Penal, caso o jogador cumpra o desafio final com êxito. O tipo penal é de induzimento, instigação ou auxílio a suicídio, com pena prevista de reclusão de dois a seis anos, podendo a pena ser duplicada caso a vítima seja menor de 18 anos (situação predominante dentre as vítimas deste jogo).

Silva destaca ainda a deficiência da segurança de Santa Catarina, que não tem uma delegacia especializada em crimes virtuais. “Hoje uma delegacia convencional não tem condições de dar suporte a uma ocorrência do tipo. Pois uma ocorrência convencional tramita em um determinado tempo, que não é o mesmo que requer os crimes virtuais, onde os dados para identificação são geralmente armazenados por seis meses”, explica. O advogado diz ainda que para a resolução desse tipo de crime há a necessidade de estrutura, tecnologia e pessoal com conhecimento e informação sobre o rápido avanço dessas tecnologias.

Como Santa Catarina não tem uma delegacia especializada, as denúncias podem ser feitas em outros Estados do Sul. No Rio Grande do Sul, pelo telefone (51) 3288-9817 ou e-mail ([email protected]). No Paraná, pelo telefone (41) 3323-9448 ou e-mail ([email protected]).

Fique de olho no comportamento da garotada

A psiquiatra Janaina Cecconi, que faz parte da ACP (Associação Catarinense de Psiquiatria), diz que primeiramente cada mãe e pai deve conhecer o filho que tem, e que qualquer mudança de hábito diferente deve ser observada com mais atenção. “Já ouvi alguns relatos do tipo ‘o mundo virtual está seduzindo meu filho, roubando ele de casa’, mas não é de uma hora para outra que o jovem migra da vida real para a virtual. O mundo virtual, assim como esse jogo é apenas uma porta para jovens que já estão em desequilíbrio”, diz.

Confira algumas dicas da psiquiatra Janaina:

Evitar ao máximo a exposição de crianças às mídias, como celulares, tablets e computadores. Adiar ao máximo possível esse contato.

É de extrema importância a supervisão. Jogos com palavrões, ações violentas e de armas devem evitados.

Usar com limite. No máximo uma hora diária, não ultrapassando o horário das 19h. Há estudos que revelam que a grande exposição de tempo ao jogo pode causar empatia e sensibilidade com pessoas.

Ver a idade adequada do jogo. Procurar jogos educativos e saudáveis.

Orientar quanto aos falsos perfis, no caso de jogos on-line em rede. É importante também observar comportamentos estranhos e, sobretudo, conversar e conscientizar os adolescentes a respeito das consequências de práticas que nada têm de brincadeira.

A psiquiatra orienta ainda que o pai conheça a rotina do filho, de quem são seus amigos, de como estão o comportamento no ambiente escolar. Observar atento o caso de isolamento. Procurar ajuda de um profissional caso constate alguma atitude estranha.

Como funciona o jogo Baleia Azul

Chega por redes sociais, através de páginas fechadas, geralmente renomeadas por F57 ou F58. O jovem é convidado a fazer parte de uma dessas páginas, e ao aceitar entrar para o jogo é comunicado de que não há mais volta, sofrendo ameaças à família caso desista.

Em seguida, a criança ou adolescente é inserido em um grupo de bate-papo, em que o controlador do jogo, chamado de curador, ordena desafios a serem cumpridos a cada dia. São 50 tarefas, em 50 dias.

Entre os desafios estão: escrever com uma navalha o nome daquele grupo na palma da mão, cortar o próprio lábio, desenhar uma baleia em seu corpo com uma faca, até chegar ao desafio final, que ordena tirar a própria vida.

Os desafios cumpridos devem ser fotografados ou filmados e postados no grupo, como prova de que o jovem está seguindo o jogo.

Se relutar em cumprir as ordens e manifestar a vontade de sair do jogo, o jovem é ameaçado. Como têm acesso ao perfil dos participantes em sites de relacionamentos, os administradores pressionam os jovens.

 

Enquete

“Tenho um filho de 6 anos e estou grávida de 2 meses. Meu filho tem acesso a tudo, mas a gente sempre fica de olhos e ouvidos bem atentos. Também conversamos bastante com ele, mas o principal é ficar atento sobre o que ele está fazendo”.

Janara Barbosa, 34 anos, funcionária pública

 

Janara supervisiona os acessos do filho de 6 anos - Daniel Queiroz/ND

 

 

“Deixo minha filha de 9 anos livre para o acesso, mas a gente sempre dá uma olhadinha. Esse jogo é assustador, mas a Rafaela só acessa vídeos e jogos de brinquedos. A gente acompanha, até porque é no meu celular que ela acessa”.

Miriam Martins, 47 anos, dona de casa, e a filha Rafaela

A filha de Mirim, a pequena Rafaela acessa os vídeos do celular da mãe - Daniel Queiroz/ND


“Não há monitoramento no que a Érica, 7 anos, e a Isa, 3 anos, acessam. Há um forte diálogo de conscientização. Não é fácil, mas é necessário que o diálogo e a confiança prevaleçam”.

Sandro Leite, 47 anos, hidrólogo, e a filha Érica

O pai Sandro Leite diz que a orientação e o diálogo prevalecem com as filhas - Daniel Queiroz/ND


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Fonte: Circuito MT
Por: Redação
Data: 21/04/2017 11h07min

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